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Agronegócio

Lideranças do agro buscam equilíbrio entre inovação, metas e financiamento na COP 30

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Faltando dez dias para a 30ª Conferência do Clima das Nações Unidas, o setor agropecuário brasileiro se encontra no centro das discussões sobre o futuro do Plano Clima. O documento, que deve orientar as metas brasileiras de mitigação e adaptação, é motivo de preocupação entre produtores e entidades do campo.

Em cerimônia na sede da Embrapa em Brasília, a estatal entregou ao presidente da COP 30, o embaixador André Corrêa do Lago, uma síntese dos avanços em pesquisa e propostas técnicas preparadas especialmente para o evento global.

O presidente da COP ponderou que o tema não representa um impasse, mas sim “um diálogo extremamente importante”. Para ele, “o Brasil está numa transição e é um dos países que tem muitas opções, algo que fortalece o debate, desde que seja embasado pela ciência”. Ele reforçou que a decisão sobre o Plano Clima precisa ser legítima e articulada com toda a sociedade, incluindo o setor rural.

O Plano Clima divide-se entre mitigação, que trata da redução das emissões de gases de efeito estufa, e adaptação, focada em respostas aos impactos das mudanças climáticas. O texto atual impõe ao agro uma das maiores metas entre os setores, somando emissões do desmatamento (813 milhões t CO₂) e das atividades agrícolas (643 milhões t CO₂). Pela proposta, o setor teria de cortar 36% das emissões até 2030 e 54% até 2035, índices que entidades do agro consideram desproporcionais frente a outros segmentos, como combustíveis fósseis.

A Embrapa, referência em pesquisa agrícola, propôs nove eixos para guiar a adaptação do setor, com ênfase em:

  • Resiliência contra eventos extremos,

  • Materiais genéticos adaptados,

  • Redução das emissões e aumento da fixação de carbono,

  • Produtos e certificações de baixo carbono,

  • Protocolos de rastreabilidade sustentável,

  • Mitigação de riscos climáticos,

  • Mais uso de energia renovável,

  • Fortalecimento da bioeconomia local.

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O documento também destaca o desafio do financiamento. Apesar de existirem recursos, o acesso é restrito e a burocracia afeta principalmente pequenos produtores. A Embrapa sugere maior previsibilidade e obrigatoriedade dos pagamentos por serviços ambientais, além do apoio às cooperativas para facilitar o crédito verde. Outro ponto essencial é adaptar as métricas de carbono à realidade regional dos biomas, valorizando sistemas como ILPF e SAFs, que hoje ficam invisíveis nas medições tradicionais.

As vozes do setor rural se articulam junto à Frente Parlamentar da Agropecuária para evitar metas inviáveis e pressionam por soluções no desenho do Plano Clima, que ainda aguarda consenso entre os ministérios competentes. A expectativa é que ao menos o plano de adaptação seja apresentado na COP 30, enquanto o plano de mitigação segue em revisão pelo Executivo.

Isan Rezende, presidente do Instituto do Agronegócio (IA) e da Federação dos Engenheiros Agronomos de Mato Grosso (Feagro-MT), lembra o setor precisa chegar à COP unido e com metas realistas. “O agro brasileiro tem demonstrado enorme capacidade de evolução diante dos desafios impostos pelo clima. O que precisamos agora é de um Plano Clima construído a várias mãos, ouvindo quem está na ponta, com metas enxutas e realistas, compatíveis com a nossa realidade produtiva e regional. O setor já incorporou práticas sustentáveis nos biomas e precisa ser valorizado por essa contribuição — não penalizado por indicadores fora do contexto da produção tropical.”

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“Investir em inovação, ampliar acesso ao crédito verde e criar métricas de carbono adaptadas são caminhos fundamentais para que o Brasil mantenha protagonismo no campo e na agenda ambiental global. Projetos como Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e agricultura de baixo carbono mostram que temos soluções locais que podem ser replicadas, mas o produtor só poderá avançar se houver financiamento de longo prazo e segurança jurídica nas políticas públicas.”

“A COP 30 deve ser um palco de diálogo e construção coletiva. É necessário que ciência, governo e o setor rural estejam juntos, propondo ações práticas e metas viáveis que não comprometam o futuro da produção e da renda do trabalhador rural. O Brasil tem os instrumentos para crescer com sustentabilidade, desde que cada decisão reflita o compromisso com o ambiente e com quem alimenta a população mundial.”

O Brasil carrega responsabilidade e protagonismo no cenário agrícola global, por isso, as decisões destes dias podem redefinir o ritmo da inovação, da sustentabilidade e da competitividade para quem produz no campo. A COP 30 vai mostrar se o país é capaz de unir ciência, política e agricultura em um só direcionamento e garantir que o agro avance, adaptado e valorizado, diante dos desafios do clima.

Fonte: Pensar Agro

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TRE autoriza por unanimidade desfiliação de Chico 2000 do PL sem perda de mandato

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O Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) autorizou, por decisão unânime, a desfiliação partidária do vereador Chico 2000 (Francisco Carlos Amorim Silveira) do Partido Liberal (PL), sem perda do mandato na Câmara Municipal de Cuiabá. O julgamento ocorreu na sessão plenária desta segunda-feira (10).

O pedido foi apresentado pelo próprio parlamentar, que alegou justa causa para deixar a sigla após mais de duas décadas de filiação. O PL foi notificado, mas não apresentou defesa dentro do prazo legal. A Procuradoria Regional Eleitoral também se manifestou favorável ao pedido, o que consolidou o entendimento do relator e garantiu a desfiliação sem penalidade.

Convite do MDB e bastidores da mivimentação política

Antes mesmo da decisão do TRE, o advogado e presidente do diretório municipal do MDB em Cuiabá, Francisco Faiad, confirmou ter convidado Chico 2000 para ingressar na legenda. O convite foi feito durante a posse do desembargador Ricardo Almeida, no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). “Fizemos o convite e agora cabe a ele decidir”, disse Faiad.

Embora ainda não tenha definido seu novo destino partidário, a possível migração é vista como estratégica e deve reforçar a bancada do MDB na Câmara de Cuiabá. O movimento ocorre em meio às articulações políticas para recompor forças após as eleições de 2024, nas quais o PL se consolidou como protagonista, mas saiu rachado internamente.

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Ruptura com o grupo de Abilio Brunini

A decisão de Chico 2000 marca o ponto final de uma relação política conturbada com o grupo liderado pelo prefeito eleito Abilio Brunini (PL). Após o pleito, o vereador entrou em rota de colisão com o correligionário, que articulou a eleição da vereadora Paula Calil (PL) para a presidência da Câmara, frustrando o plano de Chico de permanecer no comando da Casa.

A partir daí, os atritos se intensificaram. Abilio apresentou a denúncia que originou a Operação Perfídia, da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), que apura um suposto esquema de propina envolvendo parlamentares e uma empresa responsável pelas obras do Contorno Leste.

Chico foi um dos alvos da operação e chegou a ficar afastado das funções por dois meses. Na ocasião, alegou ser vítima de “grave discriminação pessoal” dentro do partido.

Citações em outras investigações

O vereador também foi citado em uma investigação da Polícia Federal, que apura compra de votos para apoiar a eleição de Paula Calil à presidência da Câmara. A denúncia teria partido do deputado estadual Faissal Calil (PL) — irmão da atual presidente — que, segundo aliados, pretende mudar de partido nos próximos meses.

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Reconfiguração de forças na Câmara Municipal de Cuiabá

Com a saída de Chico 2000, o PL perde uma de suas figuras mais experientes na Câmara de Cuiabá, aprofundando a crise interna da sigla. A decisão do TRE-MT também abre espaço para uma nova recomposição de forças no Legislativo municipal.

Caso se confirme a filiação ao MDB, o partido deve fortalecer sua presença política na capital, posicionando-se como alternativa ao grupo de Abilio Brunini e mirando desde já o tabuleiro eleitoral de 2028.

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