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Agronegócio

Mercado muda de rumo em meio ao início do plantio e pressão internacional

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O mercado brasileiro de trigo vive uma reviravolta neste início de maio. Depois de um abril marcado por expectativas altistas — sustentadas pela escassez de produto no mercado interno e pela valorização do dólar —, o cenário mudou com a entrada de trigo argentino mais competitivo, a queda nas cotações internacionais e a valorização do real, que reduziu o custo das importações e inverteu a dinâmica de força entre vendedores e compradores.

O movimento acontece em um momento estratégico para o setor. As principais regiões produtoras do país, Paraná e Rio Grande do Sul, iniciaram o plantio da nova safra 2025/26. Juntos, os dois estados respondem por cerca de 80% da produção nacional, e o avanço das lavouras tende a ganhar ritmo ao longo de maio. Com o campo voltando à ativa, o foco se desloca para as perspectivas de oferta e a postura dos agentes diante de um mercado que perdeu fôlego.

A estimativa oficial para a produção da safra 2025/26 é de 9,1 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O número representa recuperação em relação à safra passada, que foi impactada por eventos climáticos adversos, especialmente no Sul. Mesmo com essa expectativa positiva, o início da temporada não tem sido suficiente para sustentar os preços domésticos, pressionados por fatores externos.

No começo de abril, o ambiente era outro. O dólar chegou a bater R$ 6,10, os estoques internos estavam limitados e o mercado internacional ainda oferecia suporte. Esses elementos sustentavam o otimismo do lado vendedor, que se aproveitava do momento para ditar o ritmo das negociações. Mas a entrada de trigo argentino a preços mais baixos começou a mudar o jogo.

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O Sul do Brasil, onde estão concentrados os estoques disponíveis, foi o primeiro a sentir os efeitos da competição externa. As ofertas argentinas chegaram com valores próximos à viabilidade econômica, minando a vantagem doméstica. Paralelamente, as cotações internacionais, especialmente nos Estados Unidos, passaram a recuar, forçando os exportadores argentinos a reduzirem seus preços para manter espaço no mercado. Essa pressão foi diretamente repassada ao Brasil.

Além disso, a valorização do real ao longo de abril contribuiu para tornar as importações mais baratas. Com o câmbio mais favorável, o trigo externo passou a ter mais apelo, o que enfraqueceu ainda mais o preço interno. A combinação desses fatores transformou completamente o ambiente: de um mercado pautado pela firmeza do vendedor, passou-se a uma postura cautelosa do comprador, que agora pressiona por preços mais baixos.

A mudança de humor se refletiu na conduta dos agentes. Os produtores, que no início do mês evitavam vender à espera de melhores cotações, agora demonstram maior disposição para negociar. Do outro lado, compradores recuam, exigem descontos e impõem ritmo mais lento às operações. Embora os preços ainda estejam acima dos níveis de março, a tendência é de enfraquecimento — e o sentimento de mercado já antecipa essa correção.

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O quadro ganha contornos ainda mais relevantes diante do cenário de estoques e consumo. Os estoques finais da safra passada estão estimados em cerca de 704 mil toneladas — um volume superior ao do ano anterior, mas ainda considerado apertado frente à demanda interna. A oferta total de trigo no país, considerando estoques, produção e importações, está ajustada para 14,48 milhões de toneladas, enquanto o consumo doméstico segue estável, com destaque para o segmento de moagem.

Com o plantio em andamento e o mercado internacional oferecendo trigo a preços mais competitivos, a tendência para maio é de que a pressão baixista persista. A movimentação cambial, o avanço da safra nacional e o comportamento dos preços externos continuarão sendo os principais fatores de influência. A expectativa, agora, gira em torno da postura que os agentes adotarão diante desse novo equilíbrio de forças — e do quanto o Brasil conseguirá manter sua competitividade frente à oferta global.

Fonte: Pensar Agro

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Estado fecha safra com rendimento superior ao da média nacional

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Enquanto parte do país ainda colhe os últimos grãos da safra 2024/2025, Goiás já fechou seu ciclo da soja — e com um desempenho que põe o estado na vitrine da agricultura nacional. Os dados mais recentes do boletim Agro em Dados, divulgado em maio pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (Seapa), mostram que a colheita foi finalizada em 19 de abril, com uma produção de 20,4 milhões de toneladas — alta de 8% em relação ao ciclo anterior.

O rendimento médio das lavouras goianas foi o maior do país: 68,7 sacas por hectare. Com esse desempenho, Goiás garantiu a terceira colocação entre os estados que mais produziram soja no Brasil, ficando atrás apenas de Mato Grosso e Paraná.

No cenário global, o Brasil segue firme na liderança da produção de soja. Responde hoje por 40% da oferta mundial da oleaginosa. Mas o avanço da cadeia não para na lavoura: os dados mais recentes indicam uma movimentação crescente também na industrialização, especialmente no setor do óleo de soja — onde o país ainda é superado por China e Estados Unidos, que juntos concentram quase metade da produção global.

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Atualmente, o Brasil representa 17% da produção mundial de óleo de soja. Mas esse percentual deve crescer se os números de 2025 mantiverem o ritmo do primeiro trimestre. Entre janeiro e março deste ano, o Brasil exportou 402,7 mil toneladas de óleo de soja — alta de 73,2% em relação ao mesmo período de 2024. Goiás, nesse ponto, teve um desempenho ainda mais expressivo: foram 51,7 mil toneladas exportadas no trimestre, o dobro do volume do ano anterior, com salto de 130,9%.

Os embarques cresceram principalmente para a Índia, que se consolidou como principal compradora do óleo brasileiro. O país asiático ampliou em quase 63% suas compras nacionais do derivado e aumentou em quase 90% as aquisições oriundas de Goiás.

Os números reforçam um reposicionamento do estado de Goiás não apenas como celeiro de grãos, mas como elo estratégico no mercado de derivados. Com produtividade recorde no campo e crescimento nas exportações industriais, o estado sinaliza seu potencial de ocupar um espaço mais relevante em cadeias globais de valor — o que implica, também, desafios de logística, política comercial e sustentabilidade.

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Fonte: Pensar Agro

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